“Cemitério de Pianos” A ESCRITA POÉTICA Em “Cemitério de Pianos” estamos perante uma obra que nos confronta com uma dos maiores medos do nosso íntimo: a morte. Assim começa e assim termina a narrativa, com a dor da perda, o desespero de ver partir quem se ama e a impotência dos que assistem sob um manto pesado de angústias e porquês. De mãos dadas com a morte, o milagre do nascimento acompanha a um ritmo próprio os acontecimentos mais marcantes deste enredo, construído solidamente sobre alicerces firmes de convicções e esperanças. Com uma fluência extraordinária e um travo a poesia que sacia os que lêem também pelo prazer das palavras, este é um livro para nunca mais esquecer, como o são, de resto, todas as obras de José Luís Peixoto, um escritor jovem mas “maduro”, como o define o próprio Luís Sepúlveda, um nome consagrado da literatura mundial. Sem artifícios desnecessários, a escrita de José Luís Peixoto é de facto de uma consistência irrepreensível e de uma beleza aliciante. Foi n...